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Violência contra Povos Indígenas em Alagoas

Boletim Informativo de Alagoas

Em meio às discussões sobre os direitos dos povos indígenas, um novo boletim informativo divulgado pela Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde (SEVISA) de Alagoas revela um cenário preocupante: entre 2020 e 2024, foram registradas 383 notificações de violência interpessoal e autoprovocada contra pessoas indígenas no estado. Os dados foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas.

Perfil das Vítimas e Tipos de Violência

Dentre as vítimas indígenas notificadas, 70% são mulheres e 30% são homens. A faixa etária mais afetada foi a de adultos entre 30 e 59 anos, somando 129 casos (33,7%).

A forma mais recorrente de violência foi a física, registrada em 52,5% dos casos, seguida da psicológica/moral (32,6%) e da sexual (21,1%).

Entre as mulheres, o principal agressor identificado foi o parceiro íntimo (18% dos casos), enquanto, entre os homens, familiares foram os principais responsáveis (14%). A residência foi o local mais frequente das ocorrências, concentrando 65% dos casos.

Lesões Autoprovocadas e Tentativas de Suicídio

Outro dado alarmante do boletim diz respeito às 74 notificações de violência autoprovocada entre indígenas, incluindo tentativas de suicídio. Destas, 61% envolviam mulheres. O envenenamento foi o principal método utilizado, respondendo por 47,3% das ocorrências.

Municípios com Maior Incidência

Dos 49 municípios alagoanos onde houve registros de violência contra indígenas, os quatro mais afetados foram:

  • Pariconha: 103 casos

  • Palmeira dos Índios: 66 casos

  • Joaquim Gomes: 53 casos

  • Maceió: 42 casos

A Importância da Notificação e das Políticas Públicas

A notificação desses casos é compulsória (obrigatória) em todo o território brasileiro, de acordo com a Portaria de Consolidação nº 4, de 2017.  Já a violência sexual e tentativas de suicídio exigem notificação imediata, dentro de 24 horas. Além disso, a inclusão do critério "raça/cor" nas fichas de notificação auxilia na formulação de políticas públicas voltadas para a população indígena.

A violência contra povos indígenas é um problema que precisa ser enfrentado com urgência, tanto pelo setor da saúde quanto pela sociedade como um todo. A divulgação desses dados reforça a necessidade de fortalecer a segurança, o suporte psicológico e as ações de prevenção para proteger as comunidades indígenas de Alagoas.

Confira na íntegra o Boletim Informativo: Violência contra Povos Indígenas em Alagoas (2020-2024).